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Busca

      Coloco o copo vazio sobre a mesa, penso “mais uma dose”, uma tentativa vã de esquecer algo que me perturba, mas o problema não vai, a bebida não é suficiente, procuro uma resposta para o problema, não há encontro, acendo um cigarro, tantos e tantos acessos e posteriormente apagados, eis que me coloco na posição de dono, afinal de contas está é a minha vida, nela sou “eu” que mando, mas o que sou “eu”? Aonde foi que eu me perdi e por que não consigo me encontrar mais, como uma peste que se alastra pelo meu corpo, me corrói a memória, me esqueço do básico ou será que faço isso numa tentativa tola e fútil de fugir de algo mais importante, buscar a solução de um problema... será este a minha forma de fugir de mim?
Tantas mudanças se abateram sobre mim, não sou mais aquilo que era, busco nas lembranças algo de familiar (?), uma imagem, um som, uma paisagem, uma palavra, um aviso, nada, não que não haja nada para encontrar, mas minha visão está turva, perco o principal o sutil, o realmente necessário, não vejo aquilo que tenho que ver, busco o inalcançável, mas esqueço das minhas pernas, tento pegar o ouro dos céus, tolo, nem estou de pé! Onde está o principio, por que não encontro àquilo que mais necessito, minha mente queima, meu ser flameja e nada consigo ver se não o premio final, porém como alcança-lo? Como encontrar o caminho correto.
Mais e mais questões nascem a cada dia, vejo nos olhos do meu rebento a curiosidade dos novos, a mesma curiosidade que me alimentava o que está nele que não está mais em mim, tolice a minha buscar no outro aquilo que me escapa tolice a minha buscar a maravilhosa complexidade quando o simples me escapa. Uma areia fina que escorre e escapa de mim, e lá se foi o que tinha que ter ficado, mas eu não sei o que tinha que ter ficado, ou talvez saiba, mas minha mente torpe e angulosa não percebe o que é o sutil. Sento-me. Penso. Durmo e sonho, acordo e não me lembro. O que acontece quando ninguém vê o que está acontecendo? Será que ainda acontece ou será que fica num estado letárgico esperando alguém ver? Muita importância se dá para aquilo que não é necessariamente importante, o que muda se algo acontece ou não quando ninguém está vendo, preocupações e perguntas tão complexas e o simples da vida, mas o que é a vida – vê mais uma questão complexa – e nem sempre necessária, buscarei aquilo que necessito, mas como buscar algo que necessito se eu não sei o que necessito e o que é necessitar é uma espécie de vicio? Ou uma simples questão há ser respondida, quem é que decide o que é “o simples” e o que é o “complexo”? Pois, mesmo que eu nada busque isso por si só já não é uma busca? Nada, o que ele é?

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